Sou bolsista de pesquisa pela Faculdade de Educação da UEMG e desenvolvo, juntamente com minha professora orientadora, um projeto que visa a reinserção social de presidiárias da penitenciária feminina de Belo Horizonte. Tenho feito várias leituras a respeito de tudo que é ligado a presídios femininos, numa tentativa de tentar compreender como é o mundo das mulheres dentro do cárcere. No dia 18 este mês, no programa Hoje em Dia (acho que é isso mesmo) da rede Record (acho que é isso também), aquele que tem a Cris Flores, o Edu Guedes e a Ana Hickman (se escreve assim??)... pois é. Nele passou uma reportagem muito interessante sobre a vida de mulheres internas de uma penitenciária de São Paulo. O ator Alexandre Frota entrevistou várias detentas e pude ouvir depoimentos emocionados de muitas mulheres que entraram para o crime por vários motivos, desde uma simples participação em algum assalto até roubos a mão armada, assassinatos e tráfico de drogas. Muitas delas dizem ter se arrependido e que não querem mais saber desse tipo de vida, que sentem muita saudade da família (muitas delas foram abandonadas pelo marido e pela família após terem sido presas) e que querem viver honestamente quando saírem de lá.
Mas, e aí? Como essas mulheres serão recebidas pela sociedade após saírem para a liberdade? Você empregaria uma ex-presidiária? Você colocaria uma ex-assaltante para trabalhar dentro de sua própria casa como doméstica? Colocaria uma ex-seqüestradora para ser babá de seu filho? Ou você se sentiria à vontade ao saber que trabalha ao lado de uma mulher que foi presa por homicídio ou tráfico de drogas e que agora está em liberdade e bem perto de você? ...
Bom, as presidiárias precisam ser preparadas para o retorno à sociedade, mas a sociedade também precisa ser preparada para recebê-las. As penitenciárias hoje possuem uma escola que funciona lá dentro mesmo, e li em algum lugar (que não me lembro agora) que as presas que freqüentam essas escolas têm a pena reduzida. Existem também oficinas de artesanato para que elas recebam pagamento (elas não recebem o dinheiro em si, mas com o bônus a que têm direito elas podem pedir para que comprem produtos de higiene, cosméticos e outras coisas permitidas). O valor também pode ser depositado na conta de alguém da família, que compra os produtos e os leva nos dias de visita, já que nos presídios "não pode" entrar dinheiro.
O universo dessas mulheres pode ser melhor compreendido através de duas leituras que eu recomendo: "Cela Forte Mulher", do Antônio Carlos Prado e "Prisioneiras - vida e violência atrás das grades", de Bárbara Musumeci Soares e Iara Ilgenfritz. O primeiro livro é especialmente envolvente, com relato da rotina de várias detentas e da relação de amizade que elas cultivaram com o autor, que fez um trabalho voluntário no sistema penitenciário feminino de São Paulo por um período de sete anos, trabalho muito bonito e gratificante, segundo seus relatos. O segundo livro traz depoimentos de detentas e um excelente trabalho estatístico com dados preocupantes sobre o envolvimento das mulheres hoje com o crime.
Mas, e aí? Como essas mulheres serão recebidas pela sociedade após saírem para a liberdade? Você empregaria uma ex-presidiária? Você colocaria uma ex-assaltante para trabalhar dentro de sua própria casa como doméstica? Colocaria uma ex-seqüestradora para ser babá de seu filho? Ou você se sentiria à vontade ao saber que trabalha ao lado de uma mulher que foi presa por homicídio ou tráfico de drogas e que agora está em liberdade e bem perto de você? ...
Bom, as presidiárias precisam ser preparadas para o retorno à sociedade, mas a sociedade também precisa ser preparada para recebê-las. As penitenciárias hoje possuem uma escola que funciona lá dentro mesmo, e li em algum lugar (que não me lembro agora) que as presas que freqüentam essas escolas têm a pena reduzida. Existem também oficinas de artesanato para que elas recebam pagamento (elas não recebem o dinheiro em si, mas com o bônus a que têm direito elas podem pedir para que comprem produtos de higiene, cosméticos e outras coisas permitidas). O valor também pode ser depositado na conta de alguém da família, que compra os produtos e os leva nos dias de visita, já que nos presídios "não pode" entrar dinheiro.
O universo dessas mulheres pode ser melhor compreendido através de duas leituras que eu recomendo: "Cela Forte Mulher", do Antônio Carlos Prado e "Prisioneiras - vida e violência atrás das grades", de Bárbara Musumeci Soares e Iara Ilgenfritz. O primeiro livro é especialmente envolvente, com relato da rotina de várias detentas e da relação de amizade que elas cultivaram com o autor, que fez um trabalho voluntário no sistema penitenciário feminino de São Paulo por um período de sete anos, trabalho muito bonito e gratificante, segundo seus relatos. O segundo livro traz depoimentos de detentas e um excelente trabalho estatístico com dados preocupantes sobre o envolvimento das mulheres hoje com o crime.
No mais, é isso. Vale a pena pensar a respeito, pois estamos todos envolvidos nesse processo de reinserção social de tantas mulheres que um dia voltarão a conviver conosco. E ficam lançadas as perguntas: o que podemos fazer para que essa reinserção aconteça da melhor forma possível? Qual a nossa contribuição? Cadeia é lugar de regeneração (como deveria ser) ou é lugar de sofrimento, dor, revolta, maus tratos, violência? O que fazer a respeito? Qual a sua contribuição?
6 recados:
segunda-feira, agosto 25, 2008
Ei, Lu... também comentei sobre este livro no meu blog (antes de vc, viu?). Parabéns pelo excelente trabalho!
terça-feira, setembro 02, 2008
E lindinha situação complicada, querendo ou não faz parte do ser humano (nem de todos) duvidar e não confiar em ex-presidiarias, como vc disse, elas são preparadas, será que nós somos? Acho que não...
Fui até mais...
terça-feira, setembro 02, 2008
Ah e sobre os livros vou procurar a saber sobre eles, tenho que ler coisas assim, acho que deve me ajudar, to fazendo aulas teatro, deve ajudar em algumas coisas...
quarta-feira, setembro 03, 2008
Não tenho a menor autoridade para responder opinar sobre o que está questionado publicado. Fato é que existe um tal de estigma que tal como tatuagem, prega e fica na pessoa pra sempre, ou por bom tempo. Mas, é a tal coisa. Devemos saber perdoar e respeitar o nossos semelhante seja ele quem for, aqui no caso as presidiárias.
Cadinho RoCo
quarta-feira, setembro 03, 2008
Olá,Luciana
Obrigada pela visita e volte sempre.
Gostei muito do seu post e da maneira como abordou o tema.A mídia,através da novela deve estar ajudando-a a focar alguns aspectos que se passam nos presídios.
Suas perguntas são muito pertinentes e nos ajudam a nos questionarmos o quanto estamos prontos a ajudar na inserção social,não só de presidiários ,como de qq minoria que se sinta excluida da sociedade.
O livro é muito bom,já li.
Parabéns!
Um garnde abraço.
vou linkar seu Blog,ok?
sexta-feira, setembro 05, 2008
Respondendoa tua pergunta, tenho 20 mesmo. e gostei do teu comentário viu? Obrigado pela visita! ^^
A questão de ex-presidiários é séria. Como o Estado não ofereçe recuperação, apenas prisão, não exite para os detentos um modo de voltar à sociedade sem sofrer pelo que fizeram. E a sociedade talvez, seja só mais uma vitima do que todos tem certeza: niguém tá dando muita bola p/ quem está por baixo.
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