Sentir-se bem...



Há alguns dias atrás, andando pelo Centro à noite, mais exatamente em frente ao Palácio das Artes, avistei, ainda de longe, um "Hare Krishna", aqueles caras vestidos com uma roupa cor de salmão clarinho, cabelinho raspado, com aquele jeitinho que exala paz. Ele tentava em vão falar algo com as pessoas, mas todas passavam com pressa, umas nem olhavam para ele, outras desviavam. Pensei comigo: "Ai, ai, ai... Ele vai me pegar de conversa...". Mas não tive coragem de desviar dele e.... pronto. Ele me parou. Pensei: "Não vou inventar uma desculpa esfarrapada de que estou com pressa ou algo assim. Já que parei, vou ouvir o que ele tem a dizer". Ele, muito simpático, me apresentou um livrinho que eles estavam vendendo, mas ele não estipulou preço, disse que pedia somente uma contribuição espontânea. O livrinho tinha o título "Vida Simples - Pensamento Elevado". Olha só, que coincidência! Há uns dias atrás, tinha um rapazinho sentado ao meu lado no ônibus, quando eu voltava da faculdade, e ele estava lendo justamente este livro! Pude ler o nome do livro quando ele o fechou. Fiquei curiosa pra saber sobre o livro, pois me chamou a atenção. E aí me aparece esse Hare Krishna e me oferece o tal livrinho! Bom, comprei o livro com o único trocadinho que eu tinha na hora, mas ele ficou todo satisfeito, dizendo que já dava pra pagar a impressão... Saí feliz da vida e ainda com o convite dele para participar de uma festa que aconteceria no final de semana, com danças, música, várias coisas legais e um jantar também, tudo 0800!
Já comecei a ler o livro e já gostei do que li. Numa outra oportunidade, postarei aqui sobre ele.
Tá vendo? Uma simples atitude me trouxe uma alegria imensa, ajudou o tal carinha e ainda me deu a oportunidade de falar sobre isso aqui... Senti-me bem. E nem precisei me tornar uma Hare Krishna para isso!
Acho que falta no ser humano um pouco mais de doação. Doação do seu tempo, de atenção para com o outro, de solidariedade. Quantas pessoas pararam naquela noite para, pelo menos, ouvir o que ele tinha a dizer?

Cela Forte

Sou bolsista de pesquisa pela Faculdade de Educação da UEMG e desenvolvo, juntamente com minha professora orientadora, um projeto que visa a reinserção social de presidiárias da penitenciária feminina de Belo Horizonte. Tenho feito várias leituras a respeito de tudo que é ligado a presídios femininos, numa tentativa de tentar compreender como é o mundo das mulheres dentro do cárcere. No dia 18 este mês, no programa Hoje em Dia (acho que é isso mesmo) da rede Record (acho que é isso também), aquele que tem a Cris Flores, o Edu Guedes e a Ana Hickman (se escreve assim??)... pois é. Nele passou uma reportagem muito interessante sobre a vida de mulheres internas de uma penitenciária de São Paulo. O ator Alexandre Frota entrevistou várias detentas e pude ouvir depoimentos emocionados de muitas mulheres que entraram para o crime por vários motivos, desde uma simples participação em algum assalto até roubos a mão armada, assassinatos e tráfico de drogas. Muitas delas dizem ter se arrependido e que não querem mais saber desse tipo de vida, que sentem muita saudade da família (muitas delas foram abandonadas pelo marido e pela família após terem sido presas) e que querem viver honestamente quando saírem de lá.
Mas, e aí? Como essas mulheres serão recebidas pela sociedade após saírem para a liberdade? Você empregaria uma ex-presidiária? Você colocaria uma ex-assaltante para trabalhar dentro de sua própria casa como doméstica? Colocaria uma ex-seqüestradora para ser babá de seu filho? Ou você se sentiria à vontade ao saber que trabalha ao lado de uma mulher que foi presa por homicídio ou tráfico de drogas e que agora está em liberdade e bem perto de você? ...
Bom, as presidiárias precisam ser preparadas para o retorno à sociedade, mas a sociedade também precisa ser preparada para recebê-las. As penitenciárias hoje possuem uma escola que funciona lá dentro mesmo, e li em algum lugar (que não me lembro agora) que as presas que freqüentam essas escolas têm a pena reduzida. Existem também oficinas de artesanato para que elas recebam pagamento (elas não recebem o dinheiro em si, mas com o bônus a que têm direito elas podem pedir para que comprem produtos de higiene, cosméticos e outras coisas permitidas). O valor também pode ser depositado na conta de alguém da família, que compra os produtos e os leva nos dias de visita, já que nos presídios "não pode" entrar dinheiro.
O universo dessas mulheres pode ser melhor compreendido através de duas leituras que eu recomendo: "Cela Forte Mulher", do Antônio Carlos Prado e "Prisioneiras - vida e violência atrás das grades", de Bárbara Musumeci Soares e Iara Ilgenfritz. O primeiro livro é especialmente envolvente, com relato da rotina de várias detentas e da relação de amizade que elas cultivaram com o autor, que fez um trabalho voluntário no sistema penitenciário feminino de São Paulo por um período de sete anos, trabalho muito bonito e gratificante, segundo seus relatos. O segundo livro traz depoimentos de detentas e um excelente trabalho estatístico com dados preocupantes sobre o envolvimento das mulheres hoje com o crime.

No mais, é isso. Vale a pena pensar a respeito, pois estamos todos envolvidos nesse processo de reinserção social de tantas mulheres que um dia voltarão a conviver conosco. E ficam lançadas as perguntas: o que podemos fazer para que essa reinserção aconteça da melhor forma possível? Qual a nossa contribuição? Cadeia é lugar de regeneração (como deveria ser) ou é lugar de sofrimento, dor, revolta, maus tratos, violência? O que fazer a respeito? Qual a sua contribuição?

Maneiras de dar a mesma notícia...


Não sou muito de ficar reproduzindo coisas pelo Blog, mas recebi um e-mail que realmente me divertiu muito! Na íntegra:



MANEIRAS DE DAR A MESMA NOTICIA - A CONVENIÊNCIA DA MÍDIA NO RELATO DOS FATOS !!!


- História de Chapeuzinho Vermelho -

JORNAL NACIONAL - (William Bonner): 'Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...'.
(Fátima Bernardes): '... mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia'.

PROGRAMA DA HEBE - (Hebe Camargo): '... que gracinha gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?'

BRASIL URGENTE - (Datena): '... onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? ! A menina ia para a casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não.'

REVISTA VEJA - Lula sabia das intenções do lobo.

REVISTA CLÁUDIA - Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
REVISTA NOVA - Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

FOLHA DE S. PAULO - Legenda da foto: 'Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador'. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.

O ESTADO DE S. PAULO - Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

O GLOBO - Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT que matou um lobo pra salvar menor de idade carente.

ZERO HORA - Avó de Chapeuzinho nasceu no RS.

AGORA - Sangue e tragédia na casa da vovó.

REVISTA CARAS (Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte) - Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: 'Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou outra pessoa'.

PLAYBOY (Ensaio fotográfico no mês seguinte) - Veja o que só o lobo viu.

ISTO É - Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.

G MAGAZINE (Ensaio fotográfico com lenhador) - Lenhador mostra o machado.

SUPER INTERESSANTE - Lobo mau: Mito ou verdade?

DISCOVERY CHANNEL - Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.

Tour/"Horário Eleitoral Gratuito"

Resolvi fazer um 'tour" em alguns blogs e achei muita coisa legal. A internet tem tanta porcaria que eu, sinceramente, não esperava achar tanta coisa boa como achei. Até acrescentei alguns na minha lista de "blogs que recomendo". Fiquei satisfeita e até feliz em saber que existe ainda muita coisa de qualidade na grande rede. Fiquei até empolgada em escrever um pouquinho...

Bom, não gosto de política, mas quero falar um pouquinho do divertido "horário eleitoral gratuito". Divertido sim! Não é possível que ninguém, além de mim, ache graça ao assistir esses candidatos (ao ridículo) lendo textos mecanicamente, fazendo caras e bocas, inventando rimas, enriquecendo seus nomes com "Doutor", "Pastor", "Professor", "Cabo", "Sargento", como se esses títulos dessem realmente mais credibilidade a eles... E os apelidos que eles têm a coragem de divulgar? "Fábio Zói ", "Vovô do Rock", "Pica Pau da Rádio", "João Rasgado", "Cachorrão", "Lélio Palanque", "Preto da Serralheria", "Tererê", "Osvaldo Bilisquete", "Tio Panga", "Zezão Tabajara", "Gleida Filha do Renatão", "Fernandinho do SAMU", "Gargantinha de Ouro", "Edmundo de Castro Pobretão" etc. É demais pra mim! E o pior de tudo: TEM GENTE QUE AINDA VOTA NESSES CARAS!!! Gente, gente... O Brasil está como está por causa desse tipo de coisa. O brasileiro não pensa pra votar, é enganado facilmente por esse bando de "sei lá o quê" (não sei nem como classificar...)... As propagandas que estão passando aí na TV sobre "4 anos é muito tempo" começaram muito legais e inteligentes, mas agora ficou meio besta. Acho que é justamente pra mostrar que por causa de uma besteira o Brasil pode ficar ferrado por loooongos 4 anos... Não só o Brasil, mas particularmente seu Estado, sua cidade, seu bairro. Nós temos o direito de decidir quem serão os nossos próximos políticos, então façamos valer esse direito. Vamos votar com consciência e não desperdiçarmos nosso voto.


A coisa é séria! E a coisa tá feia...